O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que é médico, defende que medicamentos à base de semaglutida e liraglutida, popularmente conhecidos como "canetas emagrecedoras", sejam disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta, que vai de encontro à recente decisão da Conitec, o órgão do Ministério da Saúde, argumenta que o alto custo inicial da incorporação seria compensado pela redução de gastos futuros no tratamento de doenças crônicas graves.
O Contraponto ao Alto Custo
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) decidiu em agosto por não adotar os medicamentos no SUS, citando o alto custo de mais de R$ 4,1 bilhões em cinco anos. A comissão também argumentou que o SUS já oferece a cirurgia bariátrica como tratamento para a obesidade.
No entanto, o senador Nelsinho Trad, em reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu que a visão da Conitec é limitada. "Já vieram até me questionar: 'Não tem Novalgina no posto de saúde, você vai inventar caneta emagrecedora?' Só que ela, além de emagrecer, ela ajuda na diabetes, na hipertensão, no infarto agudo do miocárdio e no derrame; doenças que levam o SUS a gastar muito com o paciente que tem esses problemas", explicou o parlamentar.
Trad argumenta que a incorporação das "canetas" poderia gerar uma economia de mais de R$ 20 bilhões anuais que o SUS gasta com o tratamento do diabetes e da obesidade. Para ele, a experiência de outros países que já utilizam essa tecnologia demonstra a viabilidade da proposta.
Desafios e Produção Nacional
Os medicamentos, já aprovados pela Anvisa, são encontrados em farmácias no Brasil, mas seu custo de cerca de R$ 1 mil por aplicação os torna inacessíveis para a maioria da população. Por isso, Nelsinho Trad defende que, para a incorporação no SUS, o governo estimule a produção nacional e negocie preços com a indústria farmacêutica, tornando o tratamento mais acessível e sustentável.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a semaglutida e a tirzepatida em sua lista de medicamentos essenciais, o que reforça o argumento de que os fármacos são um avanço significativo no tratamento de doenças relacionadas à obesidade.